“Le destin” de Henry Siddons Mowbray
Deram-me a vida,
sem me consultar.
Nem perguntaram
por minhas preferências
e, agora, me cobram
a volta.
Não sei de onde vim.
Menos, para onde vou.
Sei que não sei,
mas a validade é curta.
Não sei o que fazer
de meu ódio
ou de meu amor
e os meus planos
mal me dão tempo
para apreciar o viver
ou desvendar os mistérios
inerentes,
ou falar de tristezas,
ou convidar uma rosa
para fazer um verso,
ou escutar uma sinfonia
inteira...
Não tenho quase nada,
nem de posses,
nem de saber,
nem saber do amanhã.
Nunca tive
um grande amor
e, ainda assim,
sinto apego.
Também sinto indícios
de remoção.
Novamente, sem me consultar,
sem dizer o epílogo
ou dizer para onde
ou quando...
De: João Costa Filho