"The awakened conscience" de Richard Redgrave
Ainda não conheci ninguém
que errasse tanto
e por tanto tempo,
como eu.
Os outros
são da maior compostura.
Têm em sua reta
uma meta!
São inteligentes,
ricos e prendados
nos mais altos ofícios
do bem viver.
Com suas consciências límpidas
e coerentes em seus deveres.
E se acham puros,
porque jamais
praticam algo
que lamentem.
Realmente, creio que
nunca levaram porrada.
Me parecem
"campeões de tudo"
e, disso, não fazem segredo.
Apenas eu me degrado,
por timidez, falta de decoro,
desempenho
e, também,
levo uma vida torta,
descendo aos poços da consciência,
da escuridão, da insensatez.
Geralmente,
por falta de coragem,
com uma baixa estima
deplorável e vigilante
em pôr em dia meus pesadelos
e remorsos,
mas, assim mesmo,
eu me renego
a uma outra vida.
Não quero imitar ninguém.
Prefiro viver o meu retiro
e pensar na minha
idade de borboleta
e cuidar e vigiar
para que, no final
dessa estória comum
e sem graça,
eu tenha paz...
Paz de consciência!
De: João Costa Filho, baseado em "Poema em Linha Recta" de Álvaro de Campos