Era uma vez, o rio
O céu chupou o rio
o rio subiu ao céu
sem escada, sem escala
e o rio choveu
para minha vidraça
para o menino
que corre doido
atrás da menina doidinha
para a planta grave
cai a chuva no zinco
e sobe o rio
contra a correnteza
voa lépido sem asas
faz o ciclo
cai o rio, no rio
que cantava
hoje geme
e carrega o homem navio
o homem vazio
que bebe o rio
que já foi livre
mas mata a sede da planta
mata a sede da terra
mata a sede do homem
que o mata.